Como Levar a Prática a Peito
Como Levar a Prática a Peito
por Jetsün Drakpa Gyaltsen
Namo ratna gurave!
Com o auspicioso mérito de ter adquirido as liberdades e vantagens,
Com a confiança que advém do medo do nascimento e morte,
E a devoção de seguir assiduamente as instruções,
Meu filho de aguçada inteligência, considera o seguinte!
Para levares a prática a peito,
Por favor, aplica grande determinação,
Abandona o apego, habita nas montanhas
E abandona as preocupações desta vida.
Para desenvolveres as qualidades dentro do teu ser,
Por favor mantém puros os votos triplos e os compromissos,
Minimiza a arrogância e a presunção,
E demonstra o mais profundo respeito por todos.
Para receberes as bênçãos do mais elevado dos mestres,
Por favor concebe-o como um verdadeiro Buda,[1]
Toma como modelo a sua vida de libertação
E dedica-te à oração constante.
Por favor, evita conceptualizar a visão,
Determina que as aparências são mente,
Não rejeites o saṃsāra nem persigas o nirvāṇa,
E deixa o agente ser purificado no espaço básico.
Por favor, evita fixações durante a meditação,
Afasta-te do apego ao êxtase e claridade,
Captura o estado natural em que a raiz é cortada,
E vai para além de expressão e pensamento.
Por favor, evita uma conduta de adopção e rejeição,
Permite que as conceções dualistas se dissolvam por si mesmas,
Considera as oito preocupações como iguais
E evita os "antídotos" dos pensamentos positivos.
Por favor, não anseies por uma fruição num momento futuro,
Mas deixa que a realização se manifeste;
Funde meditação com pós-meditação
E deixa que a compulsão para praticar se dissipe.
Para trazer o bem-estar aos outros seres,
Por favor deixa a força da aspiração seguir o seu curso
E a interdependência de causas e condições surgir,
Enquanto aperfeiçoas a grande compaixão não-referencial.
Este pequeno pedido cantado em oito partes
Foi feito para alguém de aguçada inteligência.
Assegura-te, assim, de que ele se torna significativo;
Persevera na meditação até que isso aconteça.
Samāptam iti.[2]
| Traduzido do tibetano por Adam Pearcey tendo por base o comentário de Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö, 2021. Traduzido do inglês por André A. Pais, 2024.
Bibliografia
Edição Tibetana
grags pa rgyal mtshan. gsung 'bum dpe bsdur ma/_grags pa rgyal mtshan/. BDRC W2DB4569. 5 vols. Pe cin: krung go'i bod rig pa dpe skrun khang, 2007. Vol. 5: 350-351
Outras Fontes Primárias
'Jam dbyangs chos kyi blo gros, "rje btsun rin po che grags pa rgyal mtshan gyis mdzad pa'i sgrub pa nyams su len tshul/" em 'Jam dbyangs chos kyi blo gros kyi gsung 'bum. 12 vols. Bir: Khyentse Labrang, 2012. W1KG12986 Vol. 8: 599-605
Version: 1.0-20240409
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O tibetano aqui é neutro em termos de género. Embora tenhamos usado o pronome masculino, tal serve simplesmente para evitar o constrangimento de repetir "ele ou ela" e "dele ou dela," ou recorrer ao confuso singular eles/deles, e não deve ser interpretado como prejudicial, exclusivista ou misógino. A maioria dos gurus na época de Jetsün Drakpa Gyaltsen seriam certamente do sexo masculino, mas havia também algumas lamas do sexo feminino, como as há hoje, mesmo que – infelizmente – muito poucas. ↩
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Esta expressão em sânscrito significa "Está completo.” ↩