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ISSN 2753-4812
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Um Precioso Ornamento

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Um Precioso Ornamento para o Caminho Supremo dos Três Tipos de Indivíduo: A Raiz dos Quatro Dharmas de Dakpo

de Gampopa Sonam Rinchen

Vós nunca permitis que votos, compromissos e devoção diminuam,
E sustentais a linhagem das escrituras, realização e bênçãos –
Aos nobres gurus da linhagem das instruções de Jowo Atiśa,
Ofereço reverência do fundo do meu ser e do centro do meu coração.

Os ensinamentos, que são o assunto expresso em todos os veículos,
Incluem os estágios do caminho para os indivíduos dos três níveis,
As principais rotas tomadas pelos nobres seres dos três tempos.
Estes são explicados extensivamente através dos quatro dharmas,
E cada um deles é praticado através de visão, meditação e conduta.

Com a visão correta, meditar nas acções e nos seus efeitos,
E, como conduta, adoptar a virtude e evitar os maus procedimentos,
Culminando nos reinos superiores dos devas e seres humanos –
Esta é, em resumo, a abordagem de indivíduos inferiores.

A dupla vacuidade como visão, meditação nos defeitos,[1]
E, com renúncia, a conduta dos três treinos,
Resultando no despertar de um śrāvaka ou pratyekabuddha –
Esta é, em resumo, a abordagem de indivíduos intermédios.

As duas verdades como visão, meditação na sua união,
E as seis perfeições transcendentes como conduta,
Trazendo o resultado do nirvāṇa não-localizado –
Esta é, em resumo, a abordagem de grandes indivíduos.

Dentro da vasta espaciosidade da natureza dharmatā,
Usar as aparências como método para desenvolver o bodhicitta
É transformar as duas verdades nas duas acumulações,
E isto deve ser compreendido como a causa dos dois kāyas.

Ser capaz de dar a minha própria felicidade aos outros –
Essa é a verdadeira medida da bondade amorosa.
Ser capaz de receber em mim o sofrimento dos outros –
Essa é a verdadeira medida da compaixão.

Permanecer imperturbável perante danos intencionais –
Essa é a verdadeira medida do bodhicitta.
Não procurar obter prazer nem evitar a dor –
Essa é a verdadeira medida da visão.

Na natureza da minha própria mente
E na natureza da mente dos outros
Não existe separação dualista,
Então, como pode o apego a eu e outro ser correcto?

É dito que conhecer a natureza do saṃsāra
É conhecer também a natureza do nirvāṇa –
Já que é assim que é ensinado, como pode ser correcto
O apego a saṃsāra e nirvāṇa como bom e mau?

Quando é ensinado que reconhecer a unidade
Da vacuidade e da interdependência é o caminho da Via do Meio,
Que necessidade existe de um outro guru
Que revele a vacuidade?[2]

Se entendes as fabricações da tua própria mente,
Então, já que tudo é desprovido de verdadeira realidade,
Independentemente da forma das aparências, estas tornam-se
Um suporte ou causa propícia para o treino da mente –
Que necessidade existe então de uma outra qualquer eliminação de obstáculos?

Assim se conclui este texto, composto por aquele que o Buda profetizou para que trabalhasse pelos ensinamentos aqui nesta terra das montanhas nevadas do norte quando conhecido por Gelong Tsoché.[3]

| Traduzido do inglês (Adam Pearcey, 2018) por André A. Pais, 2020.


  1. isto é, os defeitos de saṃsāra.  ↩

  2. Isto pode ser interpretado no sentido em que as próprias aparências revelam a verdade da vacuidade.  ↩

  3. ou seja, o médico monge, uma forma comum de se referir a Gampopa.  ↩

Gampopa Sonam Rinchen

Gampopa Sonam Rinchen

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