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ISSN 2753-4812
ISSN 2753-4812

O Sūtra do Coração

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O Coração da Perfeição da Sabedoria Transcendente

das Palavras do Buda

Na língua da Índia: Bhagavatī prajñāpāramitā hṛdaya
Na língua do Tibete: Chomden dema sherab kyi parol tu chinpé nyingpo (bcom ldan 'das ma shes rab kyi pha rol tu phyin pa'i snying po)
Na língua Portuguesa: A Abençoada Mãe, o Coração da Perfeição da Sabedoria Transcendente

Num único segmento.

Homenagem à Bhagavatī Prajñāpāramitā!

Assim ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava em Rājgṛha na montanha Pico do Abutre, juntamente com uma grande comunidade de monges e uma grande comunidade de bodhisattvas. Nessa altura, o Abençoado entrou num estado de absorção focado na categoria de fenómenos chamada 'percepção do profundo'.

Ao mesmo tempo, o nobre Avalokiteśvara—o bodhisattva e grande ser—observou a prática da profunda perfeição da sabedoria e viu que os cinco agregados são vazios de natureza. Então, pelo poder do Buddha, o venerável Śāriputra disse ao nobre Avalokiteśvara, bodhisattva e grande ser: "Como deverá praticar um filho de nobre família que deseje treinar-se na profunda perfeição da sabedoria?"

Assim o questionou ele, e o nobre Avalokiteśvara—o bodhisattva e grande ser—respondeu ao venerável Śāriputra da seguinte forma: "Ó Śāriputra, um filho de nobre família ou filha de nobre família que deseje praticar a profunda perfeição da sabedoria deverá observar as coisas da seguinte forma: deverá ver os cinco agregados como sendo vazios de natureza.

A forma é vazia; a vacuidade é a forma. A vacuidade não é outra senão a forma; a forma não é senão a vacuidade. Do mesmo modo, sensação, discriminação, factores condicionantes e consciência são vacuidade. Portanto, Śāriputra, todos os dharmas são vacuidade; são desprovidos de caraterísticas; são livres de surgimento e cessação; não são contaminados nem imaculados; nem limitados nem completos.

Portanto, Śāriputra, na vacuidade não há forma, nem sensação, nem discriminação, não há factores condicionantes, não há consciência; não há olho, nem ouvido, nem nariz, nem língua, não há corpo, não há mente; não há forma visível, nem som, nem odor, nem sabor, não há textura e não há objectos mentais; nada há desde o elemento-visual até ao elemento-mental, e até ao elemento-consciência-mental;[1] não há ignorância nem extinção da ignorância e nada há até à velhice e morte, e até à extinção da velhice e morte.[2] Da mesma forma, não há sofrimento, não há origem, não há cessação e não há caminho; não há sabedoria, não há realização nem não-realização.

Assim sendo, Śāriputra, uma vez que os bodhisattvas não possuem realização, eles confiam e seguem a perfeição da sabedoria. Uma vez que as suas mentes estão livres de obscurecimento, eles são desprovidos de medo; transcendem completamente qualquer erro e alcançam o nirvāṇa último. Todos os budas dos três tempos despertam plenamente para a insuperável, genuína e completa iluminação por meio da perfeição da sabedoria.

Assim, o mantra da perfeição da sabedoria—o mantra da grande visão penetrante, o insuperável mantra, o mantra que iguala o inigualável, o mantra que apazigua todo o sofrimento—não é falso e deve, assim, ser entendido como verdadeiro. O mantra da perfeição da sabedoria é deste modo proclamado:

[oṃ] gate gate pāragate pārasaṃgate bodhisvāhā.

Śāriputra, um bodhisattva e grande ser deverá treinar-se na profunda perfeição da sabedoria desta forma."

Em seguida, o Abençoado, despertando do seu estado de absorção, louvou Avalokiteśvara, o bodhisattva e grande ser: "Excelente! Excelente, de facto, Ó filho de nobre família. É assim que é, é exatamente assim que é. Dever-se-á praticar a profunda perfeição da sabedoria tal como haveis ensinado e, então, até os tathāgatas regozijar-se-ão."

Quando o Abençoado isto proferiu, o venerável Śāriputra e o nobre Avalokiteśvara—o bodhisattva e grande ser—juntamente com toda a assembleia e o mundo dos deuses, seres humanos, asuras e gandharvas, regozijaram-se e louvaram o discurso do Abençoado.

Assim se conclui o Sūtra Mahāyāna da Abençoada Mãe, o Coração da Perfeição da Sabedoria Transcendente.


| Traduzido do Tibetano por Adam Pearcey, 2019. Traduzido do Inglês por André A. Pais, 2024.


Bibliografia

Edição Tibetana

"Shes rab kyi pha rol tu phyin pa'i snying po" in bKa' 'gyur dpe bsdur ma (BDRC W1PD96682). Vol. 34: 426–429. Beijing: Krung go'i bod rig pa'i dpe skrun khang /, 2006–2009.

Fontes Secundárias

Dalai Lama, o décimo quarto. Essence of the Heart Sutra: The Dalai Lama's Heart of Wisdom Teachings. Traduzido e editado por Geshe Thupten Jinpa. Boston: Wisdom Publications, 2002.

Lopez, Jr., Donald S. Elaborations on Emptiness: Uses of the Heart Sūtra. Princeton NJ: Princeton University Press, 1996.

______. The Heart Sūtra Explained: Indian and Tibetan Commentaries. Albany: State University of New York Press. 1988.


Versão: 1.0-20240923


  1. nada há desde o elemento-visual até ao elemento-mental, e até ao elemento-consciência-mental: esta é uma forma abreviada de qualificar os Dezoito Elementos como vazios. Os Dezoito Elementos são os seis objetos dos seis sentidos, cuja interação despoleta as seis consciências.  ↩

  2. não há ignorância nem extinção da ignorância e nada há até à velhice e morte, e até à extinção da velhice e morte: esta é uma forma abreviada de qualificar tanto os Doze Elos de Originação Dependente (samsara) como a sua cessação (nirvana) como sendo vazios. Os Doze Elos de Originação Dependente são: ignorância, formações kármicas, consciência, nome e forma, seis sentidos, contacto, sensação, desejo, apego, devir, nascimento, velhice e morte.  ↩

Buddha

Prajñāpāramitā

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